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quinta-feira, 29 de março de 2007

Até quando tudo vai ser assim?

Depois de muito tempo resolvi voltar a postar aqui, talvez não seja mais tão engraçado como sempre tentei fazer que fosse, mas tem certas horas, que coisas engasgadas devem ser ditas..
Que a violência anda insuportável, sufocando a todos, isso todo mundo já esta careca de saber, mas a maioria só toma consciência disso, quando ela de alguma forma nos afeta. Ela já me afetou de diversas formas, já me machucou por fora e mais ainda por dentro, mas as vezes esquecemos que a violência não é causada apenas por aquela galera da favela, traficantes e pivetes, mas também por pessoas de classe econômica muito boa, que as vezes fazem isso apenas por prazer, e é disso que falarei hoje. Apesar de muitos já saberem, pois a minha revolta com isso foi inexplicável, então pra ver se de alguma forma consigo aliviar tudo que ta engasgado, relatarei com detalhes tudo que vi, e não consigo esquecer nem por um minuto..

Sábado, dia 3 desse mês, era para ser só mais um dia de trabalho, comum, como todos os outros, mas já começou meio errado. Cheguei meio atrasada, a boate já tinha aberto fazia alguns minutos, já entrei sabendo que no fim da noite ganharia aquela bronca (e com razão), apesar de adorar trabalhar no bar, nesse dia eu estava escalada pra ficar na recepção. O tempo foi passando, a boate lotando, só gente bonita, alegre, e eu feliz, é claro, adorava ver a boate daquele jeito, e logo começaria o show da DKV, e agitaria ainda mais a noite.

Finalmente começa o show, e apesar de vê-los tocando lá todo sábado, curto cada show como se fosse o primeiro, fiquei lá da recepção, sozinha dançando atrás do balcão, de vez em quando conversava com os seguranças da porta, os únicos que ficavam lá perto de mim, já que as outras já tinha ido pro caixa.

Por volta de uma hora da madrugada, vejo a porta dois jovens, consideravelmente fortes (enormeees), querendo entrar, mas acontece que naquele dia, era uma festa vip, e só entrava quem tinha pulseira. Não costumo me ligar muito nesse tipo de confusão na porta, porque já é rotina isso, alguém doidão querendo entrar, berrando e tal, não imaginei que fim aquilo teria..

Alguns minutos depois quando olhei para o meu lado, estava um dos seguranças, e um dos jovens atracados no chão, foi tudo rápido demais, a principio ninguém notou o que estava acontecendo ali, mas logo a briga tomou proporções inimagináveis, e quando vi, eles já haviam arrancado as toras de madeira das quais era feito o balcão, sim toras grandes e bem pesadas, quase troncos, e eu ali, no balcão, sem ter por onde sair, já que o único lado que tinha saída era onde eles estavam caídos se batendo, com uma brutalidade inexplicável. Quebravam garrafas um em cima do outro, e os estilhaços vinham todos em mim, mas naquele momento a única coisa que eu queria era sair dali daquele beco, e parar de ver aquela cena horrível. Foram para o outro lado, e começaram a dar pauladas com muita força, no Ney, o menor dos seguranças, e não paravam, sem pena, uma crueldade, uma frieza, que acho que até uma pessoa matando uma barata tem mais compaixão do que eles estavam tendo ali no momento, e simplesmente saíram, foram embora, e a festa, com umas 400 pessoas, o show tinha parado é claro, pessoas chorando, outras se escondendo, pulando pro bar, invadindo a área lá de trás desesperados, e o Ney? Caído ao chão, sangrando, por conta de todas as pauladas que havia tomado na cabeça, pensei que ali, naquele momento ele estivesse morto, me bateu um desespero, uma aflição, ali, diante de meus olhos, o cara que estava minutos atrás perto de mim na recepção, agora estava no chão. Conseguiram levar ele lá para trás pra tentar cuidar, ele falava, mas estava muito fraco, pedia pra deitar, que queria muito ficar deitado, mas tentavam manter ele consciente. A ambulância chegou, todos os seguranças ficaram bem feridos, e os levou. O dono e alguns amigos dele correram pra delegacia é claro, e inacreditavelmente, acharam os caras, eles foram levados para lá, e liberados! Horas mais tarde, quando nós os funcionários ainda estávamos na boate, esperando pra saber o que fazer, eles, ou amigos dele não sabemos ao certo, pararam lá em frente, e ameaçaram entrar e matar todo mundo, acho que foi a hora mais desesperadora, já que não tínhamos por onde sair. Eram só ameaças..

O Ney, infelizmente ficou com um aneurisma cerebral, e veio a falecer na 3° feira, era um homem de bem, que tinha uma filha de um ano, e dava aula de judô para crianças carentes, e um dos dois jovens, finalmente foi preso a uma semana atrás. Eu levei uns cortes por conta dos estilhaços de vidro, e alguns pontinhos no cotovelo, mas nada vai se comparar ao estrago que fizeram na minha cabeça e no meu coração, por tudo que vi, e que sei que não vou conseguir esquecer. O ódio que tomou conta de mim é tão grande que não sei nem que palavras usar pra descrevê-lo, e o que eu fico me perguntando a cada minuto é, até quando tudo vai ser assim?

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2 Comments:

  • At 6:33 PM, Anonymous Anônimo said…

    é triste mas é a realidade... qnd vai mudar? espero que logo neh

     
  • At 5:25 PM, Anonymous Anônimo said…

    Essa história mesmo que não vivida por mim, vai ficar muito mas muito tempo na minha cabeça, tanto pelo jeito que tu estava quando me contou ela, tanto pelo "filhadaputismo" de algumas pessoas... onde esse mundo vai parar?

    Onde foram parar as pessoas de bem?
    As poucas que existem, sofrem nas mãos desses infelizes, desgraçados, que merecem nada menos que a morte.

    (L)
    ;****



    Ps.: Demorei... mas comentei.

     

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